Catequese

Eucaristia – Por Dom Estêvão Bettencourt, OSB

IV – A Eucaristia na Igreja hoje (enquanto Sacramento)

O que a Igreja vive ao nível da sua compreensão do mistério, ela o atualiza em sua vida litúrgica e sacramental, particularmente na Celebração da Eucaristia. Esta celebração está no centro da vida da Igreja, e não é um momento isolado de sua existência, mas é tudo na vida da Igreja e da qual procede toda a força do anúncio evangélico. Vejamos em Jo 3, 16: “Pois deus amou tanto o mundo , que entregou o seu Filho único, para que todo aquele que nele crê não pereça mas tenha a vida eterna”.

Comentário: a Igreja em nome de toda a humanidade, rende graças ao Pai, por seu incrível amor. Deus respondeu ao egoísmo dos homens com a caridade do dom de seu Filho, e enviou-lhe cheio dos dons do espírito. A Igreja sabe disso e dá graças.

Graças ao Concílio Vaticano II. nós nos demos conta, com vigor renovado, desta verdade: assim como a igreja “faz a Eucaristia, a Eucaristia constrói a Igreja”. A Igreja foi fundada como comunidade nova do povo de Deus, na comunidade apostólica daqueles doze que durante a “Última Ceia”, se tornaram participantes do Corpo e do Sangue do Senhor “sob as espécies do pão e do vinho”. Vejamos em 1 Cor 11, 23-26: “Com efeito, eu mesmo recebi do Senhor o que vos transmiti: na noite em que foi entregue, o Senhor Jesus tomou o pão e, depois de dar graças, partiu-o e disse: ‘Isto é o meu Corpo que é para vós; fazei isto em memória de mim’. Do mesmo modo, após a Ceia, também tomou o cálice, dizendo: ‘Este cálice é a Nova Aliança em meu Sangue; todas as vezes que dele beberdes, fazei-o em memória de mim’. Todas as vezes, pois, que comeis deste pão e bebeis desse cálice, anunciais a morte do Senhor até que ele venha.”

Comentário: Os Doze, cumprindo sua ordem, entram pela primeira vez em comunhão Sacramental com o filho de Deus, que é penhor de vida eterna. E a partir daquele momento, até o fim dos séculos, a Igreja se constrói, mediante a mesma comunhão com o “Filho de Deus” que é penhor da Páscoa Eterna. (c.f. Mt 26, 26-29; Mc 14, 22-24; Lc 22, 19-20).

Para finalizar esta quinta parte do nosso estudo, vejamos a principal mensagem que a Igreja passa para os seus fiéis em relação à seriedade deste Sacramento: “Eis porque todo aquele que comer do pão e beber do cálice do Senhor indignamente será réu do corpo e do sangue do Senhor. Por conseguinte, que cada um examine a si mesmo antes de comer desse pão e beber deste cálice, pois aquele que come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe a própria condenação”. (1 Cor 11, 29). Vejamos também em Jo 6, 53-56: “Então Jesus lhes respondeu: ‘Em verdade, em verdade, vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem vida eterna. e Eu o ressuscitarei no último dia. Pois a minha carne é verdadeiramente uma comida e o meu sangue é verdadeiramente uma bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em Mim, e Eu nele.”

Comentário:
A intenção da Igreja não é fazer com que os cristãos tenham receio de comungar, mas que cada um compreenda melhor que a comunhão obriga a imitar aquele que morreu perdoando, e a interiorizar plenamente uma conversão Pascal e Batismal. Aquele que recebe o pão aceita tornar-se ele mesmo pão, entendendo assim que deve doar-se aos irmãos como Cristo se doou para nós.

V – Presença real de Jesus na Eucaristia

Vimos anteriormente, o quanto Cristo é claro no que se refere a importância de seu corpo e sangue. Para crermos na presença real de Jesus na Eucaristia, vejamos algumas questões importantes:

1 – Os Evangelhos foram escritos na língua Grega, de alta cultura, na qual existem muitas expressões para os verbos simbolizar, significar (=em grego “Semanei”), representar, lembrar, etc. no entanto, os três evangelistas (Mt 26, 26-28; Mc 14, 22-24; Lc 22, 19-20) e São Paulo (1 Cor 11,23-26) no descreverem a última Ceia de Jesus, usam exclusivamente a forma grega “Esti”, que somente significa “É”. Desta maneira transmitiram-nos, unanimemente a interpretação autêntica das palavras de Jesus: ” Isto é o meu corpo…; este é o cálice do meu sangue…”.

2 – Na língua de Jesus, o aramaico, também escreveu-se, isto é o meu corpo e não, isto representa (simboliza, relembra) o meu corpo.

3 – Se não houvesse a presença real de Jesus na Eucaristia, São Paulo não escreveria em 1 Cor 11, 27-29: “Eis porque todo aquele que comer do pão ou beber do cálice do Senhor indignamente será réu do corpo e sangue do Senhor. Por conseguinte, que cada um examine a si mesmo antes de comer desse pão e beber desse cálice, pois aquele que come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe a própria condenação”.

4 – O evangelista São João em seu evangelho no capítulo 6, versículo 22 ao 71, nos fala do discurso de Jesus aos judeus e aos seus discípulos ( que eram centenas deles) na Sinagoga de Cafarnaum. Nesta Sinagoga Jesus diz com palavras claras e compreensíveis a todos: “Eu sou o Pão da vida”, “Eu desci do céu”, “Quem comer deste pão viverá eternamente”, “O Pão que eu darei é a minha carne para a vida do mundo; se não comerdes a carne do filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna”.

Os judeus e os seus discípulos entenderam, perfeitamente, que Jesus dissera comer a sua carne e beber o seu sangue, como diz o versículo 52: “os Judeus discutiam entre si dizendo: ’Como esse homem pode dar-nos a sua carne a comer ? ‘. Ora se Jesus tivesse falado algo que tivesse sido interpretado erroneamente, ele esclareceria o verdadeiro sentido das suas palavras, pois ele é o caminho, a verdade e a vida.

Mas não esclareceu. Diz o versículo 60: “Muitos de seus discípulos, ouvindo-o disseram: ‘Essa palavra é dura! quem pode escutá-la ? ‘ ; e Jesus fala no versículo 61: “… Isto vos escandaliza?”. Porém como nos narra no versículo 66: “A partir daí, muitos dos seus discípulos voltaram atrás e não andavam mais com ele”. Parece até que os versículos 64 e 65 foram escritos para aqueles que negam a presença real de Jesus na Eucaristia, quando Jesus disse: “Alguns de vós , porém não creem” .

Jesus sabia , com efeito , desde o princípio , quais os que não criam e dizia : “Por isso vos afirmei que ninguém pode vir a Mim , se isso não lhe for concedido pelo Pai”.

Importante: A clareza e a insistência destas palavras, exigem que sejam entendidas em seu pleno realismo. No versículo 52 é usado o verbo grego “Phagein” (comer), já no versículo 54 [“Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia”], o verbo usado é “Trogo” (dilacerar, mastigar).

Assim compreendemos que Jesus não desfaz nenhum mal entendido, porque simplesmente não há mal entendido! A respeito desta questão, o humorista , crítico irônico, Erasmo de Rotterdam, que escrevia sobre as reformas Eucarísticas de Lutero e Zwínglio (fundadores do Protestantismo) disse em torno de 1529 o seguinte texto: “Jamais me pude persuadir de que Jesus, a verdade e a bondade mesmas, tenha permitido que por tantos séculos a sua Esposa, a Igreja, tenha prestado adoração a um pedaço de pão em lugar de adorar a Jesus mesmo.”. Há alguns casos de milagres Eucarísticos que parecem ter por finalidade pôr em evidência o realismo e a eficácia da presença de Cristo sob os sinais do pão e do vinho, é o que chamamos de milagre da Transubstanciação – muda-se a matéria sem mudar os acidentes. Podemos citar 130 milagres, dentre os quais os dois mais famosos são os de Lanciano e Turim.

VI – Os Milagres Eucarísticos

Uma antiga tradição, que vai desde a origem do Cristianismo até os nossos dias, atesta a existência de milagres Eucarísticos. De modo geral, revelam a presença de Cristo no Sacramento e manifestam a natureza e os efeitos da mesma. Há tempos, foi traçado um “Mapa Eucarístico”, que registra o local e a data de mais de 130 milagres, metade dos quais ocorridos na Itália.

Escolhemos dentre estes dois milagres verificados entre 700 e 1700. Selecionamo-los dentre os mais bem documentados e os mais eloqüentes, visto que não há para todos, como se compreende, um abono de provas históricas e científicas igualmente rigoroso e persuasivo.

1 – em Turim – em 1453, houve a queda do Império Romano do Oriente. Renato (Duque de Anjou e de Lorena – Itália) foi vencido em batalha muito sangrenta após a qual os Piemonteses saquearam todas as residências da cidade; ao chegarem a Igreja, forçaram o Tabernáculo. Tiraram o ostensório de prata, no qual se guardava o corpo de cristo ocultando-no dentro de uma carruagem juntamente com os outros objetos roubados, e dirigiram-se para Turim. Crônicas antigas relatam que, na altura da Igreja de São Silvestre, o cavalo parou bruscamente a carruagem – o que ocasionou a queda, por terra, do ostensório – dizem que então o ostensório se levantou nos ares “com grande esplendor e com raios que pareciam os do sol”.

Os espectadores chamaram o Bispo da cidade, Ludovico Romagnano, que foi prontamente ao local do prodígio. Quando chegou, “O ostensório caiu por terra, ficando o corpo de Cristo nos ares a emitir raios refulgentes”. O Bispo, diante dos fatos, pediu que lhe levassem um cálice. Dentro do cálice, desceu a hóstia, que foi levada para a catedral com grande solenidade. Era o dia 9 de junho de 1453. Existem testemunhos contemporâneos do acontecimento (Atti Capitolari de 1454 a 1456). No século seguinte, a Câmara Municipal mandou construir uma Capela ou Oratório sobre o lugar do milagre. O oratório foi destruído para ceder à construção da Igreja de “Corpus Domini” (1609), que até hoje atesta o prodígio.

2 – Em Lanciano – Estamos em data não claramente definida do séc. VIII. Um monge da ordem de São Basílio estava celebrando na Igreja dos santos Degonciano e Domiciano. Terminada a Consagração, que ele realizara provavelmente em estado de dúvidas interiores, senão de incredulidade, a hóstia transformou-se em carne e o vinho em sangue depositado dentro do cálice. Ao ver isto, o monge, perturbado e atônito, procurou ocultar o fato; mas depois, reagindo à emoção, manifestou-o aos fiéis, que, feitos testemunhas do milagre, espalharam a notícia pela cidade. – O exame das relíquias, segundo critérios rigorosamente científicos, ocorrido pela última vez em 1970, levou aos seguintes resultados muito significativos:

A) A hóstia, que a tradição diz ter-se transformado em carne, é realmente constituída por fibras musculares estriadas, pertencentes ao miocárdio. Acrescente-se que a massa sutil de carne humana que foi retirada dos bordos, deixando amplo vazio no centro é totalmente homogênea. Com outras palavras: não apresenta lesões, como os apresentaria se se tratasse de um pedaço de carne cortada com uma lâmina.

B) Quanto ao sangue, trata-se de genuíno sangue humano. Mais: o grupo sangüíneo ‘A’ que pertencem os vestígios de sangue, o sangue contido na carne e o sangue do cálice revelam tratar-se sempre do mesmo sangue grupo ‘AB’ (sangue comum aos Judeus). Este é também o grupo que o professor Pierluigi Baima Bollone, da universidade de Turim, identificou na Sagrada Mortalha (Santo Sudário).

C) Apesar da sua antigüidade, a carne e o sangue se apresentam com uma estrutura de base intacta e sem sinais de alterações substanciais; este fenômeno se dá sem que tenham sido utilizadas substâncias ou outros fatores aptos a conservar a matéria humana, mas, ao contrário, apesar da ação dos mais variados agentes físicos, atmosféricos, ambientais e biológicos. A linguagem das relíquias de Lanciano é clara e fascinante: verdadeira carne e verdadeiro sangue humano, na sua inalterada composição que desafia os tempos; trata-se mesmo da carne do coração, daquele coração do qual, conforme a fé, jorrou o sangue que dá a vida.

VII – Conclusão

A Eucaristia é a maneira que Jesus escolheu para permanecer conosco e nos alimentar de sua própria vida. Deus quer que todos os homens tenham alimento para o sustento do corpo e busquem a Eucaristia para alimento espiritual. Alimento este para reforçar a vida daquele que participa deste banquete, a fim de poder realizar em nós, aqui na terra, as boas obras e um testemunho vivo da presença de nosso Senhor Jesus Cristo na Santa Eucaristia.

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