Neste tempo da Quaresma e do Ano Jubilar, a Igreja nos convida a nos preparar para celebrar com alegria as festas pascais. Neste caminho de fé e esperança, salientamos duas palavras: “penitência” e “coração”.
Em primeiro lugar: o que é a penitência?
É verdade que não há penitência sem o penitente. Nesse sentido, São João Batista Scalabrini afirma: “Algumas pessoas têm uma ideia muito superficial e mesquinha da penitência cristã, acreditando que a mortificação é um desejo de sofrer pelo simples gosto de sofrer” (Scalabrini – Uma voz atual, p. 36).
Em segundo lugar: o que significa ter um coração aberto para o outro?
Um coração aberto ao outro é um coração capaz de superar os percalços, conflitos, tristezas e desgostos da vida.
O Senhor nos pede um coração aberto e cheio de compaixão. É o que nos pede no Evangelho: “Quero misericórdia e não sacrifício” (Mt 9,10-13).
Jesus quer que sejamos compassivos e misericordiosos uns com os outros. Neste tempo propício da nossa vida, precisamos nos perguntar: somos compassivos e misericordiosos? Somos cristãos por nome ou por convicção? Fazemos penitência por amor ao próximo ou por conveniência?
A Quaresma é um tempo para amar e perdoar, um tempo para rezar, escutar e viver a Palavra de Deus. Se quisermos amar, devemos aprender a perdoar, pois o Senhor sempre perdoa as nossas faltas.
“Não existe nenhum santo na história da Igreja, lembra Scalabrini, que não tenha praticado a penitência para o seu próprio bem ou para o bem dos outros” (Cf. ZANINI, Roberto Ítalo. Da mesma força de Deus, p. 141). O Senhor manifestou seu amor por nós na cruz, esse amor extremo que, ainda hoje, homens e mulheres não são capazes de vivenciar em sua vida diária.
O Papa Francisco afirma: “um coração sem compaixão é um coração idólatra, é um coração autossuficiente, que avança sustentado por seu próprio egoísmo, que se torna forte apenas com ideologias” (Papa Francisco, Casa Santa Marta, 18.02.2020).
Neste Ano Jubilar, a Igreja nos convida a purificar nossos corações de tudo aquilo que nos afasta do caminho de Deus. Nesse sentido, a Igreja nos propõe o caminho da penitência e da reconciliação. “É chamado de sacramento da penitência porque consagra um processo pessoal e eclesial de conversão, arrependimento e reparação por parte do cristão pecador” (CIC, 1440).
Nossa missão como discípulos de Jesus é amar e servir. Nossa tarefa diária consiste em plantar a semente do amor e da paz em nossa família, comunidade e sociedade como um todo.
É verdade que somos cristãos, que somos crentes, mas não devemos nos contentar em apenas ostentar esse nome, pois muitas vezes, na prática diária, não o somos nem o manifestamos.
Lembremos que Jesus nos chama à conversão. Esse chamado é uma parte essencial da proclamação de seu Reino: “Cumpriu-se o tempo e o Reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15).
Diante de tudo o que refletimos e tendo em vista o período quaresmal que teremos de atravessar, vamos nos aproximar um pouco mais do Senhor e salientar os valores evangélicos contidos nos mandamentos de Deus, enfatizando o “amor ao próximo como a nós mesmos”.
Que a Virgem Mãe dos Migrantes e São João Batista Scalabrini nos ajudem a viver verdadeiramente com o coração aberto aos outros.
Texto: Pe. Vilnius Jean, CS.